Há um provérbio chinês que diz que não há que ser forte, há que ser flexível. Assim foi e continua a ser a Cristina fundadora do Projeto Mya.
Tudo começou em 2015, formada em psicopedagogia e apesar de realizar alguns trabalhos na área, Cristina desde cedo sentiu dificuldade em entrar no mercado de trabalho, o que a levou a realizar ofícios totalmente distintos da sua área de formação. A sua grande paixão sempre foi trabalhar com crianças, onde realizou alguns trabalhos de animação e mais tarde leccionou aulas de Inglês. Não estava nos seus planos, mas a nacionalidade canadiana estava a dar-lhe uma oportunidade de trabalhar na sua paixão.
Durante algum tempo adorava o que fazia. Mas ano após ano, o sistema educativo tornou-se cansativo para a fundadora, pois não respeitava os timings de aprendizagem de cada um. Tudo mudou quando conheceu o Frederico da Terra dos sonhos, ele fez-lhe uma questão que a abalou “Estás satisfeita a nível profissional?”. De facto, estava a trabalhar com crianças, mas o que fazia com elas não já não a preenchia. Então ele questionou qual era o sonho dela, e aí ela não tive dúvidas, queria muito ter um projeto dela e trabalhar com crianças. Então esse amigo propôs que ela conhecesse a Sapana, onde voltou a ser questionada se era mesmo aquilo que era queria. Ela sabia que sim, mas não sabia como. Na Sapana surgiu a oportunidade de fazer um programa de desenvolvimento pessoal onde teve ainda mais certeza do que queria fazer. E foi aí que surgiu a Impulso (na altura ainda se chamava menos).
Com a ajuda da Impulso Cristina criou o Projeto Mya, onde ligava as suas três grandes paixões Meditação, Yoga e Arte. “Eu posso agradecer à Impulso a minha realização profissional, sinto-me mesmo realizada. Eu sabia o que queria, mas não sabia como lá chegar”. Enquanto realizava trabalhos de expressão plástica, tinha um parceiro que era professor de meditação e tinha alguns professores para dar as aulas de yoga, o que se verificou um grande desafio, pois nem sempre era fácil reunir em equipa. Foi então que Cristina até à altura apenas praticante de yoga, decidiu investir mais a fundo na sua formação e fez uma formação de yoga para crianças e depois para bebés.
No entanto, os desafios do projeto surgiram logo no início, quando Cristina se mudou de Lisboa para Santarém. O projeto era muito recente e a fundadora ainda não conhecia ninguém. Começou por apresentá-lo nas escolas e ATL’s “Nessa altura em Santarém ainda não se ouvia falar de yoga e as pessoas olhavam com desconfiança e até preconceito principalmente quando ouviam o termo mandalas”.
Apesar das dificuldades iniciais, tudo mudou e as vantagens do projeto estão bem visíveis. São cada vez mais as crianças que de ano para ano continuam no projeto e vão trazendo a família. Muitas vezes as aulas são dadas às crianças e depois às mães que também têm o seu próprio grupo de yoga e partilha. “O facto de o projeto ter um impacto positivo nas pessoas e nas suas vidas e a criação de grupos de partilha onde é permitido partilhar todo o tipo de experiência é muito gratificante para mim”. Mas criatividade não falta à mentora do Projeto Mya, que foi gerando iniciativas inovadoras, com foi o caso do Atelier Mya (atividades de verão). Onde as crianças podiam praticar meditação, yoga, artes plásticas e eram convidados vários artistas, desde músicos, pintores, a contadores de histórias. O sucesso do atelier foi tão grande que no ano seguinte, o número de inscritos aumentou significativamente. Entretanto o número de pedidos de aulas de yoga cresceu exponencialmente, de forma que não foi possível continuar com o atelier.
Contudo, Cristina tem ainda várias ideias a explorar e que quer realizar num futuro próximo, entre elas, criar a Associação Mya, abrir um espaço de terapias holísticas, continuar a dar aulas a crianças, adultos e idosos. Ideias muito ambiciosas para apenas uma pessoa, por isso, um dos objetivos é fazer crescer a equipa de forma sustentada, unindo pessoas apaixonadas pelo projeto e pela sua visão. E claro, levar o projeto além Santarém.
Para seguir com o projeto de abertura do espaço holístico, a fundadora quer voltar a ter formação com o menos e levar as suas parceiras consigo.
“A Impulso está no meu coração, reconheço a importância que teve no desenvolvimento do meu projeto e na confiança que me deram para avançar.”
Quer também dar ao projeto uma vertente mais digital de forma a chegar a mais pessoas, tais como, pessoas doentes que têm de ficar em isolamento, que muitas vezes devido à doença não se podem deslocar, nem sair de casa.
Nos dias que correm o Projeto Mya, juntamente com as atividades lúdicas expressivas são o sustento de Cristina. Com o apoio da Impulso o projeto “vingou” fora da capital e está a espalhar magia dos 0 aos 120 anos, mostrando que não há idade para praticar yoga. Cristina continua a plantar sementes no coração de quem têm o privilégio de privar com ela, esperando fazê-las crescer, dia após dia. Ensinado a não julgar, não comparar, não querer ser melhor que o outro, mas sim a tornar-se, melhor para os outros. Com calma, flexibilidade e arte as crianças vão se expressando, descobrindo-se e abrindo-se para um mundo melhor, onde não existe impossíveis, pois impossível “significa” possível no interior.